“A história da varíola: da erradicação à preocupação com a bioterrorismo”
A varíola é uma doença infecciosa causada pelo vírus Variola, que pertence à família Poxviridae. A doença é caracterizada por erupções cutâneas que se transformam em pústulas, febre e sintomas semelhantes aos da gripe.
A varíola é altamente contagiosa e pode ser transmitida através do contato direto com uma pessoa infectada ou através de objetos contaminados. A doença foi responsável por muitas mortes ao longo da história e foi responsável por várias epidemias graves no passado.
Os sintomas da varíola geralmente aparecem cerca de 12 a 14 dias após a exposição ao vírus e incluem febre, dores no corpo, dor de cabeça e mal-estar geral. Alguns dias depois, aparecem lesões cutâneas que se transformam em pústulas cheias de líquido. As pústulas podem se espalhar por todo o corpo e causar cicatrizes permanentes. A taxa de mortalidade da varíola é alta, variando de 30% a 50% em casos graves.
A varíola foi considerada erradicada em todo o mundo em 1980, após um esforço global de vacinação bem-sucedido liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Desde então, a vacinação contra a varíola não é mais rotineiramente administrada, exceto em casos de possíveis exposições relacionadas à bioterrorismo ou outras emergências de saúde pública.
História da Varíola
A história da varíola remonta a mais de 3.000 anos, e a doença foi responsável por inúmeras mortes e epidemias em todo o mundo. As primeiras evidências de varíola foram encontradas em múmias egípcias datadas de cerca de 1.000 a.C. Acredita-se que a varíola tenha sido disseminada por todo o mundo por meio do comércio, invasões e migrações.
Durante a era medieval, a varíola se tornou uma das doenças mais temidas e mortais da Europa. A doença se espalhava rapidamente em áreas densamente povoadas, e muitas vezes matava grande parte da população. A varíola foi responsável por várias epidemias na Europa nos séculos XVII e XVIII, incluindo a Grande Praga de Viena em 1713-1714 e a epidemia de varíola na América do Norte em 1775-1782.
A primeira vacina contra a varíola foi desenvolvida em 1796 pelo médico inglês Edward Jenner. Ele observou que as pessoas que haviam contraído uma doença semelhante à varíola, chamada varíola das vacas, não contraíam a varíola comum. Ele então usou o pus de uma ferida de varíola das vacas para vacinar um menino de oito anos, e o menino ficou protegido da varíola.
A vacinação contra a varíola se tornou mais amplamente disponível no final do século XIX e início do século XX, e foi amplamente usada para prevenir a doença. No entanto, a varíola ainda era responsável por muitas mortes e epidemias em todo o mundo até a década de 1960, quando a vacinação em massa e os esforços globais de erradicação liderados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) levaram à erradicação da doença em todo o mundo. A varíola foi oficialmente declarada erradicada em 1980.
Revolta das Vacinas
A Revolta das Vacinas foi um movimento popular que ocorreu no Rio de Janeiro, Brasil, em 1904, em resposta a uma campanha de vacinação obrigatória contra a varíola, que havia sido introduzida pelo governo brasileiro. A campanha de vacinação foi liderada pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz, que enfrentou forte resistência da população, especialmente nos bairros mais pobres da cidade.
A resistência à campanha de vacinação foi motivada por vários fatores, incluindo a falta de informações precisas sobre a vacina e os métodos de vacinação, bem como a desconfiança em relação ao governo e à medicina moderna. Além disso, havia rumores de que a vacina era perigosa e poderia causar doenças graves.
A revolta começou em 10 de novembro de 1904, quando um grupo de pessoas invadiu a sede da Diretoria de Saúde do Rio de Janeiro e destruiu os estoques de vacinas. O movimento se espalhou rapidamente por toda a cidade, e os confrontos entre manifestantes e policiais se tornaram violentos. A revolta foi finalmente controlada pelas autoridades após várias semanas de conflito.
Embora a revolta tenha sido um fracasso em impedir a campanha de vacinação, ela teve um impacto significativo na história do Brasil e na forma como a saúde pública foi percebida. A revolta levou a um maior debate sobre o papel do governo na saúde pública, bem como a uma maior conscientização sobre a importância da vacinação e da prevenção de doenças. A Revolta das Vacinas também é considerada um marco na história da medicina e da saúde pública no Brasil e em todo o mundo.
Profilaxias
A profilaxia contra a varíola envolve principalmente a vacinação. A vacina contra a varíola é altamente eficaz na prevenção da doença e é administrada por meio de uma injeção de vírus vivo atenuado da varíola. A vacinação é recomendada para pessoas com alto risco de exposição ao vírus da varíola, como trabalhadores de laboratórios de pesquisa, militares e equipes de resposta a emergências médicas.
Além da vacinação, outras medidas de prevenção incluem isolamento e quarentena de pessoas infectadas para evitar a propagação da doença. Roupas e objetos contaminados devem ser desinfetados ou destruídos para evitar a propagação do vírus.
Como a varíola foi erradicada em todo o mundo em 1980, a vacinação de rotina contra a doença não é mais necessária na maioria dos países. No entanto, a vacinação ainda pode ser recomendada em algumas circunstâncias, como para pessoas que estão em risco de exposição ao vírus da varíola em situações de emergência de saúde pública ou em áreas onde a doença ainda é endêmica.