A morte & seus significados
A morte & seus significados
Olá, caro leitor!
Hoje te falarei um pouco mais sobre a aula do dia 18 de outubro de 2023. A aula consistiu na continuação daquela aula sobre a morte que conversamos um tempo atrás. Pela primeira vez tive aula com a professora Ana Beatriz e a achei incrível.
A contextualização da aula foi feita a partir da exibição de um episódio de `Sandman (uma série que achei incrível) que, de maneira alegórica, mostrava o ponto de vista da entidade Morte sobre a morte. Essa perspectiva é muito interessante. É engraçado pensar como a morte pode ser na verdade a mais doce e leve dos ˜deuses˜ pois é exatamente o contrário do que somos estimulados a pensar socialmente. É preciso encarar a morte como algo da natureza viva. Como meu pai sempre fala, ˜a única certeza que temos é que um dia iremos morrer˜. E mesmo cientes disso tudo, encarar a despedida, a falta e a incerteza sempre foi um problema para todos nós. O processo de luto não é fácil.
Após a exibição, começamos a discutir o papel do médico no processo de morte. Apesar de ser um assunto extremamente necessário, sempre é evitado pela sociedade acadêmica devido à grande densidade de sentimentos e opiniões que o envolvem. São poucos os indivíduos no final da graduação que estão preparados para vivenciar esse momento, se é que em algum momento alguém estará. Acredito que nunca será fácil para mim lidar com a morte.
A morte é o tópico mais sensível para os estudantes de medicina, escolhemos o curso para salvar vidas, mas, por vezes, acabamos enfrentando o fim. A professora trouxe a seguinte reflexão: a doença expõe segredos de família, arrependimentos, hábitos, cicatrizes e memória. Portanto, a pressão sobre o médico pode ser muito grande em alguns momentos. É importante que o médico saiba se blindar de tudo isso, caso contrário, problemas decorrentes são esperados. É vital fazer acompanhamento psicológico.
Alguns colegas também comentaram sobre a rotina médica, que diante de tantas histórias sem resolução, da falta de materiais básicos, sensação de incapacidade e cargas horárias cada vez maiores, precisa estar sempre bem, sempre na sua melhor condição. O médico não tem direito a ficar doente, triste ou cansado. Precisamos sempre atender o maior número de pacientes e sanar o máximo de problemas possível.
Gostaria de deixar um trecho para você refletir, caro leitor.
Paredes de hospitais já ouviram preces mais honestas do que igrejas, já viram despedidas e beijos mais sinceros que em aeroportos. É no hospital que você vê um homofóbico sendo salvo por um médico homossexual, uma médica patricinha salvando a vida de um mendigo. Na UTI, você vê um judeu cuidando de um racista, um paciente policial, e outro, presidiário. Na mesma enfermaria, ambos recebem os mesmos cuidados. Um paciente rico na fila de transplantes hepático pronto pra receber um órgão de um doador pobre.
São nessas horas que o hospital toca na ferida das pessoas, que universos se cruzam com um propósito e nessa comunhão de destinos nos damos conta de que sozinhos não somos ninguém.
A verdade absoluta das pessoas na maioria das vezes, só aparece no momento da dor ou da ameaça real a perda definitiva.
Hospital, o local onde os seres humanos se desnudam de suas máscaras e mostram como são em sua verdadeira essência.˜
Até mais, caro leitor!